Sam Bankman-Fried Testemunhará em Seu Próprio Julgamento. É um Hail Mary Legal

Sam Bankman-Fried será Ouvido em Seu Próprio Julgamento. Um Último Recurso Legal

Sam Bankman-Fried vai subir ao púlpito em seu próprio julgamento, confirmou seu advogado. O fundador da bolsa de criptomoedas FTX, em crise, suportou três semanas de depoimentos contundentes em tribunal federal de ex-colegas de trabalho, colegas e outras testemunhas. Mas Bankman-Fried terá agora a oportunidade de transmitir sua própria versão dos eventos ao júri.

O governo dos EUA acusou Bankman-Fried de ser o mentor de uma fraude multibilionária, na qual fundos pertencentes aos clientes da FTX foram transferidos para uma empresa irmã, a Alameda Research, e usados para realizar apostas arriscadas em criptomoedas ou para fazer pagamentos de dívidas, empréstimos pessoais, doações políticas e para diversos luxos. No julgamento, ele enfrenta sete acusações relacionadas à alegada fraude.

Ao decidir se deve testemunhar, as apostas para Bankman-Fried são altas. “A vantagem”, diz Daniel Richman, professor da Escola de Direito da Universidade de Columbia e ex-procurador federal, “é que você realmente tem a oportunidade de apresentar sua versão convincente da história”. Porém, testemunhar também expõe Bankman-Fried a variáveis fora de seu controle, incluindo um interrogatório cruzado pela acusação.

O conselho padrão para qualquer réu criminoso, diz Christopher LaVigne, sócio do escritório de advocacia Withers, é não testemunhar. Em um ambiente jurídico, não importa o quão bem preparado esteja o testemunho, é “virtualmente impossível prever o que vai acontecer, especialmente no interrogatório cruzado”. Bankman-Fried pode ser “pego desprevenido”, diz LaVigne, por uma evidência que mina sua versão dos eventos – e se o governo conseguir demonstrar que ele mentiu no púlpito, isso pode ser usado como munição nas etapas finais do julgamento. Caso seja condenado, o juiz levará em consideração qualquer perjúrio na sentença.

Até certo ponto, no entanto, Bankman-Fried teve pouca escolha senão desafiar o senso comum e testemunhar. O peso das evidências apresentadas por testemunhas cooperantes, cada uma delas admitindo sua própria culpa, significa que uma abordagem desesperada é a única opção que a defesa tem, diz Daniel Silva, ex-procurador e advogado do escritório de advocacia Buchalter. “Parece que ele não tem outras cartas para jogar. É de alto risco e talvez haja muito pouca recompensa”, diz Silva. “Parece que realmente não há mais nada a fazer a não ser testemunhar e tentar explicar tudo isso.”

No interrogatório direto, a defesa provavelmente pedirá a Bankman-Fried que ofereça explicações alternativas para os comportamentos descritos nos depoimentos de seus ex-colegas de trabalho e talvez aborde questões sobre suas intenções e estado mental. “Ele terá que se apresentar como o homem mais incompreendido da América”, diz Richman.

Na manhã de 26 de outubro, a acusação convocará sua última testemunha e encerrará o caso. A defesa, então, convocará quatro testemunhas próprias, uma delas Bankman-Fried. Mas até que ele testemunhe, sempre há a possibilidade de uma reviravolta. Apesar de ter declarado sua intenção de testemunhar, diz Rachel Maimin, sócia do escritório de advocacia Lowenstein Sandler, Bankman-Fried ainda tem o direito de recuar, caso fique com medo. A decisão de testemunhar, diz Maimin, pode “mudar a qualquer momento.”